Vivemos tempos extraordinários. Esta frase, tão comum nos nossos dias, representa bem a mudança brusca a que toda a
sociedade foi sujeita. A capacidade de adaptação que nós, portugueses, apresentamos devia ser caso de estudo. Em
poucos dias, conseguimos transformar atividades e processos morosos e limitados em respostas aceleradas e dinâmicas,
com adaptações constantes às necessidades de cada organização.
O caso da Administração Pública é por demais evidente. Em escassos dias, os organismos transformaram-se para colocar
dezenas de milhar de funcionários a trabalhar à distância, desmaterializando processos de forma ad-hoc, acedendo a
informação rapidamente, e desbloqueando tarefas até então limitadas. Acredito que, em breve, poderemos dizer que se
assistiu a uma autêntica revolução digital na AP.
Impressiona também a disponibilidade que os próprios funcionários públicos apresentam – e falo aqui da maioria dos
organismos públicos, menos conhecidos do grande público, pela sua menor dimensão, mas de grande importância no
funcionamento da AP. Sabemos que a maioria dos colaboradores não tem as condições tecnológicas ideais: trabalha com
desktops com mais de 6 anos, com poucos processos a funcionar de forma automatizada e sem acesso fora da rede
interna. A sua disponibilidade para utilizar os seus meios, para reinventar as atividades de forma remota e para
criarem acessos seguros para disponibilização (refiro-me à disponibilidade que as equipas de IT apresentam para
aumentar o número de ligações VPN em poucos dias), demonstra que a verdadeira transformação da Administração Pública
vem de dentro.
O desafio passa agora pela automação desses processos para que todos possamos ser mais eficientes. A
desmaterialização de processos é agora uma evidência que não pode ser posta em causa. A interoperabilidade é uma
inevitabilidade no imediato. Trabalhemos todos em conjunto para termos uma Administração Pública que responda às
necessidades da sociedade em contínuo – já vimos que em momentos difíceis, ela é capaz de responder à altura.